28.5.10

Saia justa

Volto da festeeenha de aniversário das Freeedas (por que a gente tem que escrever assim quando fala das ameeeegas??!) amadurecendo o post no qual passei o dia de hoje pensando. Montes de coincidências, vejam só.
Primeiro, essa semana li partes de um livro cujo título, em livre tradução, é algo como Guia da Mulher Moderna para Situações Delicadas. É um livro de humor, com pequenos textos oferecendo dicas de comportamento para casos do tipo "Você vai casar e sua futura sogra pretende usar um vestido vermelho, justo e ultra decotado no casamento", "O ex da sua amiga dá em cima de você, e você acha ele um gatinho", "Você vai a um jantar de cerimônia e quando vai ao banheiro acaba entupindo a privada" etc. Situações egípcias, como dizem uns amigos meus -- ou saias justas, uma expressão que considero um verdadeiro achado linguístico.
Marido está viajando pela Eurásia, todo mundo se oferece para ajudar com Mathilde, que ontem então dormiu na casa da avó. De modos que: fui tomar um vinho e pôr o papo em dia com M. e G., duas grandes amigas. E M. está passando por uma dessas situações bem delicadas.
Imaginem que ela e o namorado há poucos meses juntaram os trapinhos (no apartamento dela, que ela financiou e vai passar as próximas décadas pagando). Na verdade, o namorido é soteropolitano (como ela), acabou de concluiu o mestrado, e só veio morar de vez aqui depois que o pai morreu, após uma longa e desgastante doença. Ficou a mãe dele lá na Bahia. Eu conheci a nova sogra de M. no início do ano, quando ela veio passar o carnaval aqui no Rio -- e tenho de confessar que fiquei com péssima impressão. Quando a vi, antes de trocarmos uma única palavra, tive convicção: essa mulher é uma bruaca. A cara, o jeito, a postura, o olhar, tudo nela é assim meio desagradável -- o que não combina em nada com o filho, que é um doce de pessoa. Mas enfim, ela passou um carnaval extendido lá na casa deles, uma temporada mais longa do que seria razoável, já deixando M. com a pulga atrás da orelha. Por fim, a (não tão) boa sogra à casa tornou.
Um mês atrás, ela veio novamente se abancar na casa dos dois. E pior: com um diagnóstico clínico de depressão. M., é claro, fez a única coisa possível: acolheu a sogra e a ajudou a tratar-se. A sogra melhorou. Mas não fala em ir embora. (O curioso é que ela tem uma porção de irmãos e sobrinhos no Rio e Niterói, mas nunca fica na casa de nenhum deles, fato em si deveras revelador.) Como ela é viúva, a família mora no Rio, e os filhos são só dois, sendo que o outro mora fora do Brasil, todos concluíram que ela deve se mudar para o Rio.
A-ham. E aí começa uma nova parte do problema. Porque M., que é como eu e quer resolver as coisas rápida e objetivamente (e neste ponto é a pessoa menos baiana do mundo), já está tratando de procurar um lugar para a sogra morar: vê classificados, pesquisa preços, e ficou muito interessada quando eu disse que minha avó tem um conjugado para alugar, no momento vazio. Mas seu marido é justamente o oposto -- vai protelando o máximo possível.
A situação é delicada mesmo, porque ela não pode chegar para a sogra e simplesmente tocar a real, dizer para ela, se manda, se despacha, rala peito. O que ela faz é pressionar o marido que... nada faz. Seu último recurso foi dar (a ele) um ultimato, um prazo de 1 mês para resolverem o imbroglio (ou, em outras palavras, para a dona Fulana sair da casa deles - ir para um apartamento alugado, um hotel, ou a casa de algum irmão/sobrinho, ou então voltar para Salvador). Sinceramente não sei se vai dar certo, não. Morro de pena, porque M., que tem a minha idade e está já no terceiro casamento, realmente não merece uma situação egípcíssima como essa.
Mas aí vem a outra coincidência. M. chegou a ser bailarina semiprofissional. Dançava clássico e até hoje adora balé, tanto que vive me chamando para espetáculos. Quando eu contei a ela ontem que Marido estava em Moscou, a primeira coisa que ela disse foi "Diz a ele para ir ao Bolshoi!" - e todas rimos muito, claro, era uma piada. Mas hoje mais cedo, falando com Marido no GTalk, descubro que ele foi... a um balé em Moscou! Não o Bolshoi (segundo ele, ingressos esgotados há muito tempo), mas um outro teatro, onde assistiu a O Lago dos Cisnes! Portanto hoje à noite, no caminho para o chope das Fridas, liguei para M. para contar essa novidade engraçada. E chegando lá no chope, sento e peço meu primeiro chope e encontro... M.! com o marido! Ela, que conhece muitos dos meus amigos, olha para aquela mesa comportando a fina flor da blogosfera brazuca e me diz: "Esses seus amigos eu não conheço..." Saia justa alert!!
Blogue anônimo, sempre uma nova emoção!
.

25.5.10

Rímel: a última fronteira


Como vocês sabem, apesar dos meus bem vividos trinta e três anos, sou uma novata nesses assuntos de beleza, cosméticos, manicures, maquiagens e afins. Mas tenho me aplicado. Pelo simples motivo de que simplesmente não ficamos mais jovens -- e tenho repetido esta frase com frequência cada vez maior nos últimos tempos.Então este ano pela primeira vez fiz a sobrancelha (que ficou um loooosho de linda) e passei a fazer as unhas (pé e mão, ou "P/M" no jargão dos salões) com alguma regularidade (mais ou menos uma vez por mês -- vamos aos poucos, que ainda sou amadora nisso). Isso tudo eu fiz no salão da minha amiga M., que foi minha colega de primário e tem um salão de beleza no Leblon, exatamente em frente ao Bracarense (para os que não conhecem, um bar de grande fama (a meu ver injustificada) por seu chope e petiscos). Como só vou ao Leblon nos fins de semana, para visitar minha mãe, é só às vezes que dá para ir ao salão de M., de modos que não tenho --ainda-- uma rotina fixa, por assim dizer.


Além disso, a mulherada do meu trabalho ajuda. Não sei se já mencionei este fato, mas no meu trabalho praticamente só tem mulher. O homens são 8. As mulheres somos 42. E digo que elas ajudam porque elas se arrumam -- não em relação a roupa, porque muitas usam uniforme, e as que não usam se vestem de forma bastante normal, mas em relação a maquiagem, unha e cabelo, é um show. E isso, como direi, vai inspirando a pessoa.Então comecei com o batonzinho básico, ou gloss, para o dia a dia. Depois, comecei a não mais sair de casa sem o incrível corretivo Shiseido que minha amiga N. me trouxe do Japão. Disfarça as olheiras que é uma beleza. Aí, depois do episódio das sobrancelhas, comprei um kit de pincéis de maquiagem que inclui uma escovinha de sobrancelhas (coisa que eu nem imaginava existir), que agora uso diariamente para pentear minha melenas. E de umas semanas para cá comecei a achar que era um desperdício deixar na gaveta apodrecendo um super estojo de 48 tons de sombra que comprei na Itália em 2004 (!), quando me dei conta de que em algum momento da vida não poderia mais contar com as maquiagens de mamãe. Os pinceizinhos que vieram no estojo já se esfarelaram, e foi por isso que comprei o kit de pincéis. Então agora a verdade é que estou passando sombra todo dia de manhã, para ir trabalhar!


Não posso evitar a exclamação depois de uma frase como esta, porque eu mesma mal me reconheço nesta afirmação. Minha rotina matinal está começando a ficar realmente demorada. Saio do banho e passo o creme especial para gestantes, na barriga e seios, para tentar evitar as estrias. Em seguida, o hidratante nas pernas e pés. Depois, o meu creme francês Diadermine Dermo Fraîcher PH7 Soin de Jour Hydratant, no rosto todo. Em seguida, o corretivo nas olheiras. Depois, um tiquinho de lápis de olho (coisa que ainda não sei usar, preciso ver esses tutoriais de make up no YouTube) e a sombra. Por fim, o batom.

Não, ainda não sou adepta da base que os maquiadores tanto prezam. E no dia em que começar a usar o rímel para o dia a dia, estará conquistada e última fronteira e poderei me considerar um caso de extreme make over.
Às vezes converso sobre isso com minha cunhada, que é dois anos mais nova do que eu e padece do mesmo problema de desinformação a respeito desses assuntos. Naturalmente, como tudo na vida, as responsáveis são nossas mães. Como diz minha cunhada, não tivemos essa "aula" na infância nem na adolescência, já que nossas mães só muito tarde passaram a se importar mais com essas coisas. Porque minha mãe é do showbiz, então sempre teve maquiagem em casa para shows. Mas era só pra isso, nunca para o uso diário. Unhas então, nem pensar, por causa do violão. E ela tampouco me disse que essas coisas eram importantes -- provavelmente porque não são mesmo. A não ser pelos cremes, que ela sempre usou e me incentivou a usar desde cedo, com o discurso inquestionável de que não adianta nada começar a usar cremes aos 50.
O fato é que agora estou correndo atrás desse "prejuízo", tentando aprender na prática e sozinha o que tantas mulheres já sabem fazer literalmente de olhos fechados. A amiga leitora e que teve essa aula na infância tem alguma dica para dar a essa pobre moça que tenta se alfabetizar nas lides da beleza facial?
.

24.5.10

Sebinho bombando

As expressivas vendas do Mini Sebo Terapia Zero já foram suficientes para cobrir os custos de um mês de fraldas (ou quase)! Um su-ces-so.
Tem livro novo, já viram?
.

23.5.10

Criancices

Depois de um longo tempo prestigiando a produção contemporânea



Mathilde agora se debruça sobre os clássicos



Eu confesso que também adoro, e rio toda vez que o Pica-Pau diz "pague 50 centavos".

No mais, hoje de manhã fomos a mais uma festa infantil, mas desta vez, do tipo "festas possíveis", nada como o pesadelo da festa da creche. Na verdade, foi o aniversário de 4 anos da filha mais velha daquela minha amiga de quem falei aqui, que fez uma festa super bacana para a caçula no final do ano passado. A de hoje foi no mesmo esquema: um café da manhã cheio de frutas, pães, geleias e queijos, muitos brinquedos espalhados pelo play, uma cama elástica alugada (sucesso total) e principalmente, SEM MÚSICA. Que maravilha é uma festa de criança sem música! As crianças já fazem tanto barulho sozinhas, pelamor! De música, só o parabéns (com bolo e brigadeiro, que a festinha é ecológica e alternativa, mas sem traumas).

Aí fiquei prestando atenção especial aos meninos que estavam na festa, com idades ali entre os três e os cinco anos. Como não sei se em outubro quem vem é Oliver ou Mathilde 2 (sugestões para pseudônimos? Ando pensando em Albertina, mas não sei), penso que devo me preparar. Mas a verdade é que o mundo dos meninos é totalmente alienígena para mim. Ok, pode ser um desafio interessante e até importante (hey, Poliana!), mas, céus, que preguiça. Meninos passam o tempo todo se batendo, se empurrando, se melecando com tudo, batendo nos outros com espadas reais ou imaginárias ou correndo de uma forma, sei lá, mais destrutiva do que a correria das meninas. Não sei, mas fico com a impressão de que as meninas, por mais levadas que sejam (e há verdadeiros demônios-da-tasmânia de vestidinho rosa), não são tão brutais quanto os meninos, que me parecem mais agressivos em tudo.
Mães de meninos, me iluminem!
.

20.5.10

Poliana madrugadora e o amor à arte

Continuo firme na hidroginástica às 6h40 às segundas, quartas e sextas. Resultado: não consigo mais passar das 22h. Em consequência: hoje é quinta e acordei às 6h, sem despertador, e sem conseguir mais dormir. Nunca pensei que isso fosse me acontecer.

A vantagem (hello, Poliana) é que, uau, venho ler e escrever no blogue enquanto ninguém mais acorda.

Então queria lhes contar que no final de semana vi no DVD um documentário sensacional, chamado The Rape of Europa, sobre o destino das obras de arte europeias durante a Segunda Guerra Mundial. Como se sabe, Hitler tentou ser pintor mas não foi aceito pela Academia de Artes de Viena (foi barrado no mesmo ano em que foram aceitos Egon Schiele e Oskar Kokoschka, aprendi vendo o filme). Há diversas teorias sobre as implicações psicológicas dessa rejeição. Mas o fato é que tinha o Führer um interesse especial pelo assunto, e por isso durante os anos da guerra os nazistas pilharam coleções e mais coleções de arte, públicas ou privadas, nos países invadidos. (Dê um Google em "Nazi plunder" e veja quanta coisa aparece.)

Retrato de Adele Bloch-Bauer, de Klimt -- um dos quadros roubados (e depois recuperados) cuja posse permanece controversa

Sabendo do que já havia acontecido na Áustria e na Polônia, países como a França e a União Soviética fizeram evacuações preventivas de seus acervos. Essa história é uma das mais bacanas do filme. Esvaziaram o Louvre. Não sei quantos milhares de peças, de todos os tipos e tamanhos, despachados para residências e castelos no sul do país. É lindo quando contam como foi difícil remover a Vitória de Samotrácia, que fica no alto de uma enorme escadaria. Afinal, apesar de pesar umas tantas toneladas, a estátua é frágil, composta de milhares de pedacinhos colados. Então colocaram num carrinho que desceu deslizando pela escada. E segundo um dos funcionários presentes (muitos voluntários nessa operação, lembrando que boa parte do staff do museu estava no front), durante todo o processo o silêncio era aterrador, de tanta tensão. Já a Monalisa foi a única obra que teve um carro só para si: foi transportada numa ambulância que reproduzia as condições ideais de conservação -- umidade, temperatura etc. -- e depois de muitas horas de viagem o curador que ia junto dentro da ambulância chegou desmaiado, mas o quadro estava em perfeito estado (sorrindo, hehe).

Vitória de Samotrácia, no Louvre

No Museu Jeu de Pomme, uma curadora foi a heroína. Rose Valland, que era uma funcionária de segundo ou terceiro escalão, falava alemão, mas os alemães não sabiam disso. Então ela continuou trabalhando no museu depois que ele foi tomado pelos nazistas (o Jeu de Pomme funcionava como uma espécie de centro de triagem das obras roubadas), passando despercebida de todos, circulando por ali como quem não está fazendo nada além de seu trabalho burocrático. E quando chegava em casa, fazia um diário minucioso registrando quais obras estavam indo para quais lugares. Foi graças a essa listagem que muitas obras foram recuperadas.

As obras de arte roubadas eram estocadas nos lugares mais diversos. Uma enorme quantidade no castelo de Neuschwanstein, na Baviera. Outras milhares de obras numa mina de sal (!). Na casa de campo de Göeringer. E ainda, as joias da coroa do sacro império romano-germânico, juntamente de muitas outras obras, num bunker sob o castelo de Nuremberg (neste, segundo o especialista inglês que primeiro chegou ao local, a tecnologia para conservação das obras era tal que elas estavam mais bem acondicionadas ali do que seria possível no British Museum).

Esses especialistas em arte são outra atração especial do filme. Eram homens que tinham se alistado, mas sem qualquer experiência de combate, e que eram mandadas para esses lugares para identificar as coleções de arte, distinguir o que era valioso e o que não era, e lutar para a sua preservação. Inclusive, lutar para preservar obras e monumentos de seu próprio exército, num momento em que oficiais e soldados não estavam assim tão preocupados com quadros ou afrescos. Como os pobres historiadores da arte que foram mandados para a Itália com essa missão. Tremendo problema. Os Aliados tendo que bombardear justamente o país que abriga tantos monumentos, estátuas e quadros de valor inestimável.

O Campo Santo, em Pisa, bombardeado pelos Aliados. O mural, destruído pelo fogo, vem sendo restaurado, a partir de zilhões de fragmentos, desde o final da guerra. Até hoje ainda não foi terminado.

E aí entra a parte emocionante, como a luta dos moradores de Florença para proteger os afrescos dos palácios, construindo uma espécie de estojo de madeira e colocando por cima, uma estrutura super precária, e por isso mesmo tão comovente. É outro momento especial do filme, esse de Florença. Porque a cidade, além de ser depositária de inúmeras joias do renascimento italiano, é também um grande centro de integração ferroviária -- e como tal, primordial alvo militar. Então, meia dúzia dos melhores aviadores americanos foram destacados para esta missão: bombardear a estação ferroviária de Florença, mas sem poder atingir nenhum outro ponto da cidade, nem mesmo o prédio ao lado da estação. (Ah, e como em todo bom filme americano, eles conseguem, é claro).

Milhares de obras foram recuperadas. Em relação a muitas delas até hoje ocorrem disputas sobre a quem pertencem. Outras milhares nunca foram encontradas, como um Rafael roubado de Cracóvia.

Este quadro de Rafael nunca foi recuperado. (Se você vir, avise as autoridades!)

Enfim, as histórias são muitas. Mas o que fica é o sentimento de amor à arte, a compreensão da importância que um quadro, uma estátua, um altar ou uma ponte podem ter para todo um povo.
Se esse assunto lhe for caro, tente ver o filme.
.

16.5.10

Podem me cobrar

Ontem fui à Festa do Dia das Mães organizada pela creche de Mathilde, num clube não muito longe aqui de casa. Tudo o que habita meus piores pesadelos em termos de eventos infantis estava lá.
Foi a primeira e última vez. Palavra de honra.

A única coisa legal foi um parquinho ótimo onde ela pôde ficar brincando com os coleguinhas de turma. Tinha uma casa de tijolo ("dos 3 Porquinhos!") e anões de jardim -- mas a Branca de Neve com barriga de tanquinho era meio esquisita.

80 mil

O visitante de nº 80.000 deste blogue é de Maceió, e acessou o site esta madrugada, às 4h48, direcionado por uma busca do Google: "auto-negligência" (que foi dar neste post).
O que eu posso dizer ao leitor alagoano? Bem, de certa forma, pesquisar o assunto já é, digamos, um bom começo.

No mais, vale lembrar que Terapia Zero começou durante a Copa do Mundo da Alemanha. Portanto, em breve, comemorações de 4 anos!

13.5.10

A vida como ela é, foi e pode ser

Klimt, "Árvore da Vida"

Outro dia me peguei lendo uma porção de posts antigos aqui do blogue. Cheguei à conclusão que, ou minha vida era bem mais interessante antes, ou então eu escrevia bem melhor. Ou as duas coisas, sei lá. Os textos eram mais bem estruturados, tinha reflexões um pouco mais extensas e sobre assuntos mais variados, tinha historinhas com começo, meio e fim. Agora a impressão que tenho é que tudo que escrevo aqui é tão fragmentado que mal e mal serve de registro para referência futura, naquela antiga acepção de blogue enquanto diarinho virtual.

Acho que em grande parte isso se deve à drástica redução da minha vida social depois do nascimento da minha filha, o que é normal e esperado. Mas o que eu não contava é que, com essa redução, diminuíssem também os espaços para conversas e debates sobre tudo e sobre nada, aquilo que rola na mesa do bar. Não estou me queixando, apenas constatando. Faz parte dessa opção de vida, e daqui a alguns anos muda outra vez. Não é que não saia mais, porém saio muito menos, e com uma gama bem menor de amigos. Eu que sempre fui gregária, e me vangloriava de transitar bem entre tantos grupos tão diferentes, agora vejo, de quando em vez, apenas alguns mesmos amigos. Amigos estes que, aliás e a propósito, valorizo cada vez mais. No fundo no fundo, quanto mais gente eu conheço, mas eu dou graças ao céus por ter bons amigos com quem realmente tenho afinidade. Porque, na boa, o mundo é cheio de boas gentes, mas essas boas gentes são aquelas com quem você sai para almoçar e, caramba, no meio da refeição nem tem mais assunto.

Também não sei o que cada um entende como "quase não saio mais". Claro que saio -- para jantar fora, tomar chopp, ir à casa de amigos, mais raramente ir ao cinema, shows e talz. Mas é coisa de uma vez por semana, por aí, ao passo que antigamente a movimentação era bem mais intensa, por assim dizer. Sim, aqueles velhos tempos em que decidíamos em cima da hora -- aquela ligação recebida no final do expediente, e aí, vamos ao cinema agora às 19h30? E ia, e emendava em sei lá mais o quê, festas do roque, noitadas na Lapa, lançamentos de discos e livros, enfim, vocês sabem. Mas é que tem por aí aquelas mães loucas que não saem porque sentem culpa de deixar os filhos. (Não estou exagerando.) Definitivamente, não é meu caso.

No mais, hoje fui ao médico ver o bebê na barriga, mas ainda não descobrimos se será Mathilde 2 ou Oliver (nome de outro dos filhos do Freud e pseudônimo bloguístico que já escolhi se for menino -- o nome pra valer ainda não resolvemos, e agora vamos esperar saber o sexo para não quebrar a cabeça à toa). Mas está tudo bem e, GRANDE NOTÍCIA: só engordei 1kg em 1 mês, excelente marca para quem foi a Buenos Aires há menos de um mês e almoçou e jantou fora todos os dias e comeu muitos maxi-alfajores.

Eu ia escrever mais, porque sempre durante o dia me vêm uma porção de ideias para pequenos posts. Mas a hora já vai adiantada e, hoho, amanhã às 6h40 tenho minha hidroginástica -- que estou adorando, exceto pelo papinho mole geriátrico que rola, mas entro muda e saio calada, mais um passo rumo ao zenbudismo cada vez mais necessário para a manutenção das relações humanas.

8.5.10

Sabadão

De manhã, uma praia perfeita no Leme, com Mathilde e M. Sol gostoso, praia quase vazia, mar maravilhoso, biscoito Globo e picolé de morango.
De tarde, visita ao Instituto Moreira Salles para ver uma exposição de fotos sobre a construção de Brasília. Fui com I., que me pediu para levá-la, já que seu pai e irmão participaram das obras da construção (foram de caminhão, do Ceará ao Planalto Central -- emocionante, eu acho).
No meio do programa, recebi a notícia que, alvíssaras, nosso carro foi vendido!
Voltei para casa num táxi perfeito: Meriva, com ar condicionado na temperatura ideal, rádio tocando MPB num volume de gente, e motorista mudo. (Não sei se já postei aqui a respeito de minha cruzada contra os táxis Santana velhos.)
Mathilde só volta mais tarde, vou aproveitar para terminar de ler dois livros ótimos que estão começados.

Além disso, o Mini Sebo* está bombando! Já olharam lá? Coloquei novidades.

*Acho que, a rigor, o correto seria Minissebo. Mas tem coisas que, quando certas, acabam erradas.
.

5.5.10

Âp-deite

Então já sabem. Se avistarem uma barrigudinha vestida de roupão (claro, uai) às 7h30 da manhã já voltando da hidro, na fila do pão do Mercadinho B. (estabelecimento frequentado por gentes chiques, tipo Monix), pode acenar.
E agora me dão licença, porque são 21h e estou caindo de sono.
.

4.5.10

Assumindo a gravidez

A fase do Embarangamento Sem Glamour chegou bem cedo desta vez. Completei 3 meses já com uma barriga de respeito. Agora são 3 meses e meio e uma pança eu diria obscena. Tanto que já desisti de tentar fingir que as calças ainda cabem -- mesmo as maiores. Agora só mesmo as de elástico. Com as saias, já assumi a inacreditável moda Obelix. E recuperei minha fantástica bermuda preta da Mom's, com faixa de elástico para a barriga. Essa bermuda é um must. Desde que ganhei, ela esteve sempre em uso por alguma amiga gestante, non-stop. E ainda está bem usável. E dá para ir trabalhar, porque é daquele tipo bermuda "social", que vai até o joelho. E aí uma amiga me emprestou uma calça jeans dessas de gestante também, com faixa de elástico. E eu com 3 meses e meio, people. Aonde é que isso vai parar, é o que eu me pergunto.
Mas a verdade é que se minha primeira gravidez foi tranquila, essa agora está quase passando despercebida. Não tive nada semelhante a enjoo, desconforto nenhum, realmente esqueço que estou grávida -- mais ainda pelo fato de ainda não sabermos se é menino ou menina, e portanto o bebê não tem nome, praticamente não se materializou ainda. Fora a barriga, é claro. É impressionante a diferença entre a primeira gestação e a segunda. Tão impressionante quanto fácil de explicar. A diferença se chama "primeiro filho", simples assim. Tendo uma criança de 2 anos e 4 meses demandando sua atenção em todo o seu tempo livre, não dá para se dedicar tanto a curtir a barriga. É uma situação do tipo cobertor curto, porque ao mesmo tempo que se quer dar ao bebê dentro da barriga todas as coisas boas que o primeiro filho teve (ioga, hidroginástica, exercícios de respiração, caminhadas, alimentação impecável), quer-se também dar atenção ao ainda filho único -- que, coitado, ainda nem imagina o que vem por aí.
Nós já falamos para Mathilde que ela terá um/a irmãozinho/a, ela dá beijos na barriga etc. Também tenho procurado levá-la para visitar uma porção de recém-nascidos (que ela adora, aliás). Mas naturalmente a ideia de que de dentro da minha barriga sairá um bebê que irá morar conosco em casa, dividir o quarto com ela, é uma abstração impossível de apreender.
Bom, seja como for, amanhã começo a hidroginástica. Três vezes por semana. No horário impensável de 6h40 da manhã, que é o único possível para mim nesse lugar, aqui pertinho de casa. Vamos ver se consigo ser uma daquelas pessoas incríveis que às 7h30 já fizeram uma porção de coisas. (Palavras e depoimentos de apoio são bem-vindos, obrigada.)
.