16.10.07

Pontos corridos


A torcida do Flamengo é única. Não apenas por seu indiscutível gigantismo, ou porque seja mais apaixonada do que as outras (todas são iguais nesse sentido). O que torna a torcida rubro-negra diferente é sua paixão por si mesma. Não há uma torcida que se orgulhe mais de suas virtudes, que tenha certeza absoluta de sua superioridade eterna e incomparável – não apenas numérica. A torcida do Flamengo age como se fosse uma força da natureza – como se a vitória em campo dependesse dela. Não porque seja melhor que as outras – mas porque acredita piamente em seus super-poderes. Acredita realmente que faz a diferença – e, não raro, faz.
(Gustavo Poli, no blog Coluna 2)

T. disse bem: O Flamengo hoje é uma torcida que tem um time, e não o contrário. Tudo isso (post, comentário), é claro, veio a reboque da fantástica vitória sobre o São Paulo, líder do campeonato, algumas rodadas atrás, quando houve o recorde de público. Movidos por um instinto maníaco, vários amigos meus foram a esse jogo, já antecipando um momento histórico (para mim, uma premonição completamente sobrenatural). Não fui, não apenas por causa dessa barriga avantajada de que preciso tomar conta, mas por não achar, já há meses, nenhuma graça nesse campeonato brasileiro.
Não tenho nenhum estímulo para torcer em uma competição em que todos já sabem quem será o campeão, praticamente está definido quem vai à Libertadores (há um resquício de emoção neste aspecto) e as principais apostas ficam sendo quem vai se classificar para a Copa Sul-Americana (a segunda divisão da Libertadores) e, principalmente, quem vai cair para a segundona. Ah, francamente, me poupem. Eu valorizo o meu ato de torcer.
Na época da mudança para pontos corridos, apoiei entusiasticamente a decisão. É, sem dúvida, o formato mais justo, ganha quem foi melhor durante todo o campeonato. Parece lógico e eu costumo apreciar as decisões lógicas. Mas, 5 anos depois, a questão é: e daí? Ficou melhor? Não. Ficou um saco. Futebol não tem a ver com justiça nem com lógica, é a óbvia conclusão. Futebol não é vôlei nem basquete. É o jogo do improvável, até do impossível. Resta como ótima lembrança o Brasileirão de 2002, o último antes dos pontos corridos, quando o Santos, que se classificou em 8º e último lugar, pelo saldo de gols (!), venceu angariando a torcida do país todo (inclusive a minha), com aquele time dos moleques (Robinho e Diego).

Pra terminar: o Flamengo resolveu homenagear a sua torcida e aposentar a camisa 12. Pfff. Ô marketing dos infernos...

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2 comentários:

Anunciação disse...

Primoroso post!Que bela visão!Um beijo,amada!

Anônimo disse...

MENGÃO, MENGÃO, rumo à Libertadores, você vai ver só! ;-)

a torcida é a mais linda do mundo.