31.7.06

Mundinho da dança

A parede da Deborah Colker
Quer se sentir gorda mesmo estando em paz com a balança? Faça como eu: vá a uma festa de bailarinos. Além de obesa, me senti a mais velha, porque todos eram animadíssimos e dançavam (ha!) sem parar. Ah, mentira, a festinha foi ótima e os dançarinos todos uns amores. E felizmente C. e F. são tão velhinhos quanto eu, e nos unimos todos no coro do "ah, esse frio ataca o reumatismo, minha filha". Com voz tremidinha e tudo. Hehe.
Além disso, tive a chance de trocar impressões com gente mais abalizada do que eu sobre o espetáculo da Deborah Colker que vi semana passada. Porque, olha, fiquei meio decepcionada, pra ser honesta. Primeiro, porque achei a música horrível. Segundo, porque é tão UAU o tempo todo, que não sobra muito tempo nem espaço para refletir. Fiquei fascinada, mas não senti muita coisa, sabe? Na verdade não é UAU o tempo todo, não. Tem umas partes aliás muito chatas. Mas tem esse lance da parede de alpinismo, que é uma loucura. Mas é circo, então você prende a respiração, antecipando uma queda que, claro, não acontece. E olha, os bailarinos acham isso também. E ainda contaram mil fofoquitchas de bastidores. Lindos, magros e meio malvadinhos também.

28.7.06

Teoria da relatividade

Funciona assim: você se estressa com a Telemar, porque instalaram um telefone que deveria ser novo, mas é uma linha de um tronco de mil novecentos e bolinha, que não suporta uma velocidade de 1Mb no Velox (!), e cujo som é baixíssimo, quase inaudível, enfim, uma porcaria de serviço, pelo qual você paga a mesma coisa do que o seu vizinho, que tem uma linha moderna, digital, capacitada e o k-ralho a quatro. Então você resolve trocar de número. Tudo bem, custa 75 real. Tá, mas eu obviamente quero trocar por uma linha que NÃO tenha os mesmos problemas, ou seja, quero uma linha efetivamente NOVA. Ah, senhora, isso nós não temos como garantir. Como assim? Eu vou pagar 75 pau, ter o transtorno de mudar de número, e pode ser que venha uma linha tão ruim quanto ou pior? Mas o que é isso, uma loteria?! É, senhora, não temos como dar certeza. Então você esbraveja, pragueja contra os céus, fica irritada porque vive numa sociedade capitalista que simplesmente não lhe dá opção de escolher um outro prestador de serviço, logo esse serviço que é "o" serviço do século 20-e-1, a telefonia, a comunicação, a internet, e blablablabla. Em seguida você começa a pesquisar sobre como reclamar, escrever para o jornal, guia do consumidor, ouvidoria qualquer coisa. Mas trinta segundos de google depois, você começa a perceber que o seu problema é mínimo, é ridículo se comparado ao de tantas outras pessoas. Porque bem ou mal você tem uma linha telefônica. Você tem o Velox, que funciona. E você nunca foi cobrada a mais, nem teve sua linha cortada arbitrariamente. Ou seja: minha filha, você tirou a sorte grande, tá reclamando de quê?
E assim vamos levando nossa vidinha medíocre no quesito serviços.

27.7.06

Assunto de mulheres

Meninas, não façam nunca a depilação alternada. Explico: faça sempre tudo o que você tem para fazer. Não caia na esparrela "ah, agora é inverno, vou fazer só axila e meia-perna, e já está ótimo, da próxima vez eu faço tudo". Grande cilada. Fiz isso, e agora que estou há dois meses sem depilar a virilha, estou com MEDO. Antevejo um sofrimento atroz. Se eu sobreviver, prometo, juro por tudo que é mais sagrado, nunca mais deixo pra próxima vez.

E por falar em mulheres...
O que aconteceu com as Mulheres com Legendas? Saíram do ar? Foram para outro endereço? Alguém tem notícias?

Mais uma da vovó

Outra história da vovó figura.
Mais de dez anos atrás. Depois de uns 25 anos de casamento, meu tio S se separa e arranja uma nova namorada, F. Passado um tempo, vai apresentar a namorada à mãe (minha vó). Finalmente ocorre o encontro, num domingo à tarde, um lanche, aquela coisa. F (que está com meu tio até hoje) vai, totalmente tensa, com medo da reação da matriarca da família àquela "intrusa". Minha avó já velhinha, cabeça branca, magrinha e muito firmezinha com suas características sandálias de salto anabela. Num determinado momento, minha vó diz à nervosa pretendente do meu tio:
-- Você gosta de mágica? Vou fazer uma mágica pra você.
Imaginem a reação da pobre, sem saber o que fazer.
-- Ahn... claro, está bem.
-- Você vai pensar em um número de telefone, e eu vou adivinhar qual é.
Onde fui me meter, pensa a coitada. Será que essa velhinha é totalmente louca?
-- Tá bom, já pensei num número de telefone.
-- Agora vou adivinhar (faz cara de muita concentração). O número é 254-8638?
F se viu numa sinuca. Claro que o número não era aquele. Deveria dizer a verdade ou mentir, dizendo que a vovó acertara, para fazê-la feliz? Depois de uma tensa fração de segundo na dúvida, resolveu-se pela verdade.
-- Não... não é esse o número...
Vovó (com a carinha marota):
-- Desculpe, foi engano! (pausa) Hahahahaha!

Não é uma forma genial de quebrar o gelo?

Hoje ninguém dorme no Rio de Janeiro

25.7.06

Se-ul

Hoje li uma notícia qualquer sobre a Coréia, que começava, como é normal, com a cidade de onde foi escrita:
SEUL -- blablablabla
Aí lembrei da minha avó, que foi uma das pessoas mais divertidas que já conheci.
Em 1988, nas Olimpíadas de Seul, vovó tinha certeza que o nome da cidade era Cu, e que os locutores dos jornais só falavam Ce-U para disfarçar.
Que saudade...

24.7.06

Da difícil arte de dar pitacos com sutileza


Eu estou exagerando, ou vocês concordam que é um absurdo uma mãe colocar o filho de quatro meses incompletos de idade no Orkut, com foto, nome completo, nome dos pais, cidade onde mora etc.? E ficar pedindo pra você adicioná-lo como "amigo"?! Logo no Orkut, um pára-raio de todos os malucos da internet.
E se eu não estiver exagerando, como será uma maneira sutil de dizer a essa mãe para não expor o próprio filho dessa maneira?
Putz, essas coisas são tão complicadas. Mas ao mesmo tempo, fico pensando que não falar nada, se omitir, é pior ainda do que ser taxada de intrometida.
Ó, raios!

23.7.06

Cave canem

Adoro cachorros. Da mesma forma que adoro pessoas. Ou seja: entendendo que alguns são fantásticos, outros são só legais, uns são meio chatinhos e outros ainda são malas-sem-alça.
Bem. Moro no finzinho de uma rua sem saída. Normalmente, um paraíso de tranqüilidade e silêncio, em geral parece até uma cidadezinha de interior, as crianças brincam na rua etc. Mas como nada é perfeito, todos os donos de cachorros das ruas vizinhas gostam de vir a esse cantinho sossegado brincar com seus bichinhos. E, por motivos que me escapam, em especial aos domingos de manhã.
Como ia dizendo, adoro cachorros. Mas não tenho saco para donos de cachorros. Ô gentezinha mais sem loção. Porque muito pior do que acordar às 7 da manhã de domingo com um cachorrinho daqueles pequenos e histéricos latindo sem parar, é ficar ouvindo os gritos da dona: "Pára, Fulaninho! Calma! Fica quieto! Olha aqui o seu amiguinho! Vem cá, vem cá!".
Humpf. E bom domingo pra você também.

21.7.06

A assistente de mágico

Foto: o mágico Peter Marvey (e sua assistente flutuando)
Mulher de amigo meu não é minha amiga. Não necessariamente. Todo mundo já passou por isso. Aquele seu amigo querido, ótimo, de anos e anos, que você adora, começa a namorar uma porta. Mulher tipo "assistente de mágico", daquelas bonitas que o acompanham, sorriem e não falam nada. Ou então, pior ainda, das que falam. Interrompem uma conversa para contar um caso que não tem nem graça nem moral da história, e nem nada a ver com o que estava sendo falado antes. E quando acaba a história todo mundo fica se olhando com cara de "como assim, acabou?", e a conversa interrompida prossegue com um "como eu ia dizendo" sem maiores comentários, e todo mundo fica constrangido. Menos ela, claro.
E você fica sem entender por que diabos aquela pessoa com quem você tem tantas afinidades resolveu gastar o tempo com aquela anta.
Eu queria mesmo é que elas cumprissem o papel da assistente do mágico e desaparecessem como que por encanto. Ou, melhor ainda, que fossem serradas ao meio.

20.7.06

Amor como doença

O comentário do Camilo sobre o post das mulheres bandidas apaixonadas me fez lembrar uma outra coisa que também me intrigava naquela finada novela. Havia uma personagem, interpretada pela Giulia Gam, que tinha um ciúme patológico do marido (se não me engano, Marcelo Anthony, ou algum outro bonitão desse estilo). No meio da novela, ela percebia que sofria de uma doença, que ela amava demais o marido. Tinha até mesmo um grupo de apoio, MADA, Mulheres que Amam Demais Anônimas. Naturalmente, a coisa virou um fenômeno social, e de uma hora para outra milhares de mulheres passaram a acreditar que sofriam dessa doença, a doença do amor demais. No site do MADA há a explicação: "MADA é um programa de recuperação para mulheres que têm como objetivo primordial se recuperar da dependência de relacionamentos destrutivos, aprendendo a se relacionar de forma saudável consigo mesma e com os outros." Ok, é uma causa válida, realmente há um tanto de mulheres que se podem considerar dependentes de relacionamentos destrutivos. Meu problema é com o nome, Mulheres que Amam Demais. Porque amar demais não é uma doença, não é um problema, nunca foi. O que quer que seja que liga essas mulheres aos seus relacionamentos doentios não pode ser considerado amor, é uma outra coisa -- carência, insegurança, baixa auto-estima, masoquismo, etc.
Mas o que me chama a atenção é o modismo das doenças. Na época da novela, quem tinha um problema conjugal diagnosticava logo: "Ah, é porque eu amo demais o meu marido, sofro do transtorno do amor demasiado". E essa busca pela identificação, pelo pertencimento a um grupo (o grupo das mulheres que amam demais), gera essas discrepâncias. Houve a moda da Síndrome do Pânico. Antes, ninguém nunca tinha ouvido falar. Bastou a doença entrar na moda para você ficar sabendo de um monte de gente que sofria de Pânico, que estava se tratando e tal. Depois, o TOC, a mesma coisa. Agora a doença da moda é a bipolaridade, ou transtorno bipolar, novo nome para psicose maníaco-depressiva. Então se você está contente num dia e no dia seguinte amanhece de mau humor ou angustiado, iiihh, olha aí, que comportamento bipolar...
Sem entrar no mérito da seriedade dessas doenças, o que mais me impressiona é como as pessoas não hesitam em "aderir" a elas conforme entram na moda. E principalmente, por meio do consumo. A pessoa se convence que é bipolar, começa a se medicar (ou seja, a comprar remédios), e passa a se sentir melhor.
É pra pensar mesmo, em como nem mesmo o amor, nem mesmo a saúde passaram incólumes pela mediação do consumo nessa sociedade estranha em que a gente vive.

Rumo a Tóquio

Luizão marca o segundo do Flamengo. Foto: www.estadao.com.br
... Quero cantar ao mundo inteiro
A alegria de ser rubro-negro...

(Não sei o que diz o Tratado de Versificação da Língua Portuguesa sobre a combinação de "inteiro" com "negro", mas pra mim rima rica é isso aí.)

E vocês já sabem: a Copa do Brasil é o caminho mais curto para a Libertadores. E que linda foi a homenagem da torcida aos campeões de 1981. Arrepiante.

18.7.06

O verbo

José Francisco Borges, "A Psicanalista"
Li num outro blogue a respeito das equivalências entre escrever e terapia. Não podia concordar mais. Por isso mesmo o nome deste espaço, Terapia Zero, porque nunca fiz terapia, análise, nada disso. Só escrita (muita) e mesa de bar (mais ainda).
Um dia, num lançamento do livro de uma amiga, já no final da festa, me vi sentada em uma mesa tomando vinho com outras três mulheres, num papo daqueles que varam madrugadas. Sobre tantos assuntos que seria impossível citá-los. E tome vinho. E de repente descobrimos que ali naquela mesa estavam quatro mulheres que nunca haviam feito análise na vida. E ficamos tão impressionadas com essa descoberta, com esse raro encontro, que pedimos mais e mais vinho para brindar.
Acho que não preciso dizer, mas aí vai. Claro que não tenho nada contra terapia, análise, psicanálise, nada disso. Muito pelo contrário, sou totalmente a favor. Simplesmente nunca fiz, nunca rolou. Mas tenho grande interesse pelo assunto, e fico impressionada de constatar sempre como o ato de verbalizar organiza o nosso pensamento, para nós mesmos. Adoro ouvir as pessoas, e cada vez mais vejo que isso é uma virtude. Que as pessoas precisam mesmo é de alguém para ouvi-las.
Afinal, o pior castigo é não conseguir se expressar.

17.7.06

Bandidas e apaixonadas

Li no jornal que uma das advogadas envolvidas nesse escândalo dos advogados que "entregam" os próprios clientes para bandidos estaria apaixonada por um chefe de quadrilha. Então ela avisava ao bandido que um tal fulano tinha acabado de sair de uma audiência qualquer com 30 mil reais no bolso, e era uma presa fácil. E fazia uma sacanagem dessas porque ela estava apaixonada.
Como a Suzane Richthofen, que fez o que fez em parte porque alega que estava emaconhada, em parte porque estava apaixonada pelo Cravinhos.
Vem cá, será possível que paixão seja um atenuante para esses crimes? E por que só mulheres usam desse expediente? Nunca vi nenhum homem querer justificar um crime por estar apaixonado -- a não ser os crimes passionais, e que na maior parte das vezes são para "defender a honra" do indivíduo. Será que apaixonada entra naquela categoria de "perda momentânea da razão"? E pelamordedeus, desde quando?? Por que só as mulheres se dispõem a pagar um mico desses?

Suburbia tales

Melhores momentos do casamento no qual fui madrinha.

- Meu par-padrinho, um primo daqueles que você gostaria muito de não ter, não apareceu nem deu notícias. Tiveram que inventar um "sub". E não havia mais cravos para lapela.
- No local da cerimônia havia uma porção de flores copo-de-leite. Mas como era ao ar livre, encheu de abelhas. Lá pelas tantas o celebrante soltou um "Estou vendo que a noiva está um pouco nervosa com as abelhas", e ela respondeu logo "Eu sou alérgica!". Genial.
- Mais uma das abelhas: "A presença das abelhas é um ótimo sinal para um casamento. Porque um casamento é assim, tem momentos doces como o mel, e momentos de ferroadas". Original esse cara, pra dizer o mínimo.
- Já fui a tantos casamentos, e esta foi a primeira vez que ouvi o clássico "se alguém se opuser a esta união, fale agora ou cale-se para sempre". Momento breathless. Mas claro, não aconteceu nada.

Ah, e as músicas da festa. Por que, Senhor, por que sempre a mesma coisa ruim?

14.7.06

Vanitas vanitatum

Uma leitura atenta dos jornais pode provocar gargalhadas. Veja isto aqui.



Reparou quem é o morto e quem é que está querendo fazer jus ao dindim gasto no anúncio fúnebre?

Da difícil arte de delegar tarefas

Marina Olmi, "La Equilibrista"
Às vezes me criticam por ser muito centralizadora. E muitas vezes as críticas são procedentes. Tenho uma certa dificuldade em delegar tarefas. Mas não à toa. Tantas vezes deleguei e tive ainda mais trabalho refazendo o trabalho malfeito de alguém, que passei a tomar certas precauções em relação a isso. Mas, em muitos casos, não tem jeito. Tem coisas que eu não sei fazer, e tenho que contar com o trabalho de um especialista. Ou assim eu penso.
Como agora, por exemplo. Imagine a situação.
Você se envolve num projeto espetacular, com uma porção de pessoas incríveis. Um projeto não só relevante como bem acabado, todo bem pensado, e todo mundo cuida nos mínimos detalhes para que saia simplesmente perfeito. São necessárias trocentas conferências, para que as informações esteja certas e nos lugares certos. E aí no final tem um(a) diagramador(a). Que vai colocar todo o conteúdo num dezáin já aprovado. E na primeira prova diagramada você vê que o(a) diagramador(a) não juntou lé com cré. Não entendeu nada. Não leu, você pensa. Então você vai lá, explica, pede pra mudar e fica atrás que nem um cão de guarda controlando cada alteração. Bem. Sai a nova prova diagramada. Tudo certo e aprovado. O(a) diagramador(a) recebe o ok e manda para a fábrica. Passa um mês. Você recebe o material. Milhares de unidades. Dezenas de milhares. E tudo errado. Tudo trocado. Lé muito longe de cré. Porque o(a) diagramador(a) de alguma forma não mandou o arquivo certo.
O que você faz nessa hora?
a) Chora.
b) Dá porrada.
c) Bebe.
d) Se inscreve num curso de dezáin.

Aguardo sugestões.

13.7.06

Páginas da vida

Pra não dizer que não falei da nova novela de Manoel Carlos.
Eu e a minha avó andando pelo Leblon, num domingo à tarde. Na época passava Mulheres Apaixonadas. Ou Por Amor. Ou Laços de Família. Sei lá, uma dessas. Eis que surge o Manoel Carlos vindo na nossa direção, passinho lento, de bengala, braço dado com uma moça.

-- Olha lá, vó, o Manoel Carlos.
-- Quem? Onde?
-- Manoel Carlos, o autor da novela.
-- Ah, adoro a novela. Vou falar com ele!
-- Quêisso, vó! Fica na sua.
-- Me solta, me solta, eu vou lá.
(Vovó se desprende do meu braço e evolui até o autor)
-- Manoel Carlos, que prazer te conhecer, eu adoooro as suas novelas.
-- Obrigado, obrigado.
-- É um conforto, sabe, pra gente, de noite. Ver as novelas. Acompanhar.
-- Que bom, fico feliz.
-- Então tá. Olha, adorei te conhecer. E justamente aqui no Leblon!

Quem tem vó tem tudo, não é?

12.7.06

Maledicências


A secretária do meu chefe está muito intrigada porque ele parece que esconde o que está fazendo no computador quando ela por acaso entra na sala dele:
-- Ou ele tem uma amante ou fica vendo sacanagem no computador, só pode ser!

A secretária do überchefe passou aqui hoje e reclamou que ele foi almoçar e voltou de porre, e fez uns garranchos no lugar da assinatura de uns documentos.
-- Está parecendo o Fernando Vanucci nesse video que está rolando na internet!
(vocês já viram? está no youtube. im-per-dí-vel)

Secretária é fogo.
Fiquei com muita saudade de uma série chamada O contínuo e a secretária que saía num finado blog.

I.
Ela (pra vizinha): Bem que a associação podia organizar aquelas festinhas, pra animar a gente.
Ele: Ih, tá desanimada, é...?
Ela: Não é da sua conta!

II.
Ele: Ó... O Oliveira tá pedindo aquele ofício que a gente ficou...
Ela: Não é ofício!
Ele: ...de mandar, sobre aquela lâmpada que queimou no auditório...
Ela: Ai, não é ofício!
Ele: ...mas é uma lâmpada especial, daquela compridinha, de luz fria...
Ela: Não! É! O! Fício!
Ele: ...e custa 15 reais cada uma. E a gente precisa de duas...
Ela: É memorando.
Ele: ...pra ter uma de reserva, o que dá 30 reais no total.
Ela: Mê! Mô! Ran! Dô!

III.
Secretária: Viu a conta de telefone que chegou?
Vizinha: ...
Secretária: Oitocentos e tantos reais!
Vizinha: Menina!!!
Secretária: É... Parece que até tele-sexo tem.
Vizinha: Ah! Mas aí a gente já sabe quem é, né?
Secretária (engrossa a voz): "Ora que melhora", "Só Jesus resolve", "Cristo sei-lá-o-quê"...
Vizinha: É.
Secretária: ...e tele-sexo.

Volta, Mascavinhas!

Anna V, a confeiteira tcheca

Hoje descobri isso aqui. É muito trash. Não entrem!

11.7.06

What's in a name?


Domingo vou ser madrinha de um casamento. De uma pessoa com quem tenho zero contato, mas com quem tive algum convívio na infância. Por exemplo, ainda não consegui decorar o nome do noivo. Sério. Mas é uma coisa de família, daquelas de que não dá pra fugir. Então lá vou eu. De longo e tudo.

E como se trata de um casamento tradicional e convencional, a noiva vai trocar de nome, e acoplar o sobrenome do marido. Pegando carona no post das moças legendadas sobre a nossa individualidade, eu defendo que o nome é que temos de mais único e individual, é algo que nunca, jamais deveria ser mudado. É o seu nome, é a sua identidade, do berço ao túmulo. Fico muito surpresa quando vejo mulheres tão esclarecidas, bem-sucedidas, interessantes e bem-pensantes mudando de nome ao casar. Sempre coloco essa questão para elas. Que às vezes ficam em dúvida. Porque é uma grande perda de identidade. É claro que a nossa vida muda quando a gente se casa. Mas não é trocando de nome que isso se processa. (sem falar na saqueira de ter de trocar os documentos todos e, pior dos piores, destrocar quando se separa.)

Essas manifestações muitos exteriores do casamento para mim só demonstram a fragilidade de certas uniões. Como usar aliança. Que é um símbolo tão óbvio e tão gritante, que é como se a pessoa estivesse insegura de que é casada, e precisasse de um anel para se lembrar daquilo o tempo inteiro. A festa de casamento, seja ela uma festa tradicional ou uma cerimônia qualquer, é o mais importante. Porque é ali que você está avisando para as pessoas que importam de verdade que você está se unindo a uma pessoa escolhida, que a partir dali sua vida está mudando. Ritos de passagem são necessários e importantes. Mas a aliança, pra quê? Para que a moça da padaria saiba que eu sou casada? Para que um gatinho do bar não dê em cima de mim porque eu sou casada? Nada disso substitui a atitude da pessoa casada, da pessoa que tem, de verdade, um compromisso com outra. Essa atitude é a única coisa que importa.

10.7.06

Esse ano que não começa

Ah, a Itália tetracampeã. Quer saber, achei ótimo. Esse negócio de só o Brasil estar muito à frente de todo mundo faz a coisa perder a graça mesmo. Como dizem essas teorias da conspiração que tanto recebo por email (tipo a Fifa "trocou" essa copa pela realização do mundial de 2014 no Brasil; ou que o Brasil não podia ganhar essa, porque a próxima é na África do Sul e a seguinte é no Brasil, então chances are nós ganharmos todas e teríamos virado virtuais octacampeões...). P tem razão: a gente troca o atestado de incompetente pelo de vendido. Brasileiro faz qualquer coisa pra continuar com fama de bom de bola.

A cabeçada do Zidane... Essa não comento. Mas os italianos estão inspirados, já fizeram um joguinho super ótimo (dica: tem que bater até levar o vermelho).

Depois de um fim de semana de esbórnia absoluta, planejei acordar cedo hoje, bem no espírito pós-carnavalesco "bom, agora o ano começa". Mas já deu tudo errado, não levantei na hora, lendo o jornal lembrei que o ano não começa porque já tem campanha eleitoral, e tudo isso só me fez ter vontade de voltar pra baixo das cobertas.
E a dieta estava indo tão bem... Raios.

8.7.06

Sheherazade

V me contou que uma dançarina do ventre está querendo processá-la. Porque aparentemente alguém criou um email desses grátis com o nome completo dela, V, e mandou mensagens para a dançarina do ventre ameaçando boicotar os shows dela no subúrbio caso ela não pagasse uma grana, tipo uma proteção, para essa galera. Um grupo que, por assim dizer, "controla" os eventos de dança do ventre e afins nos subúrbios cariocas. Tipo, a máfia persa do Rio de Janeiro. V já foi intimada pela polícia, já teve que ir à delegacia, pagar advogado e já houve até audiência de conciliação -- que não resolveu. Porque a odalisca alega que já teve prejuízos, os shows dela foram cancelados e tal. E V tendo que explicar para o delegado que qualquer ser humano pode abrir uma conta de email em qualquer nome. E o delegado não entendendo nada disso.
-- Peraí, pára tudo: máfia persa? -- pergunto eu totalmente incrédula.
-- Você ri porque não foi contigo. -- E aí riu também.
Pára, por favor, que eu quero descer.

7.7.06

Libérrima e exata

Foto: Carolina Del Bue
Foi assim que o Bandeira classificou a poesia da Cecília. Libérrima e exata.
Acho que vou adotar essa meta.
Sim, quero ser libérrima e exata.
Só isso, tá? Obrigada.

6.7.06

cuma?


Sabe aquelas letrinhas que vc precisa digitar para confirmar alguma coisa na internet? Tipo, uma prevenção anti-spam? É impressão minha ou está cada vez mais difícil entender o que está escrito? Porque são umas letras todas tortas, com cinco linhas passando pelo meio, cada uma numa tipologia diferente, num pano de fundo tão confuso que fica impossível dinstinguir o h do n, o 7 do 1 e do l, o a do q, e por aí vai. E o medo de errar, e a máquina me confundir com uma outra máquina programada para o mal? Acho que eu não agüento uma rejeição dessas. Outro dia foi tão impossível que cliquei no botão para ouvir as letras. Muito pior. Acho que dizem os nomes das letras em húngaro, só pode ser. Tive que pedir ajuda à minha estagiária. Haha, pedindo ajuda aos universitários para poder mandar um e-mail... Fim da linha total.

Pequenas delícias

Adorei ficar vendo meus livrinhos aqui ao lado, cada vez uma coisa diferente.
Ainda sou tão goiaba com essa coisa de blog que fico toda boba com essas miudezas...

5.7.06

Da série Poesia numa hora dessas?*

Auguste Macke, "Die Frau des Künstlers"
Em meio às hienas, às serpentes, aos chacais,
Aos símios, escorpiões, abutres e panteras,
Aos monstros ululantes e às viscosas feras,
No lodaçal de nossos vícios imortais,

Um há mais feio, mais iníquo, mais imundo!
Sem grandes gestos ou sequer lançar um grito,
Da terra, por prazer, faria um só detrito
E num bocejo imenso engoliria o mundo;

É o Tédio! -- O olhar esquivo à mínima emoção,
Com patíbulos sonha, ao cachimbo agarrado.
Tu conheces, leitor, o monstro delicado
-- Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão!

(Baudelaire, "Ao leitor", n'As Flores do Mal, trad. Ivan Junqueira)

* (c) L.F. Verissimo

Discutindo a relação

A indignação agora é por causa da night que os jogadores do Brasil fizeram logo depois daquela derrota pífia. E o carrão que o Adriano comprou, de não-sei-quantos milhares de dólares. E para o fato de que eles não estão dando a mínima importância pra tudo que aconteceu. Eu penso melhor e acho que não é pra ser nenhuma surpresa. Veja, esses jogadores não têm nenhuma estrutura para agüentar tanto rojão. Não tenho peninha deles, não, nenhuma. Mas pensa aí, eles nascem pobres de marré deci, gostam de jogar futebol como 99% dos meninos brasileiros, de repente se destacam na multidão e muito, muito rapidamente ficam milionários. Muito ricos mesmo, mais ricos do que se juntar toda a grana que a família deles ganhou umas 15 gerações pra trás. Não é que seja uma situação propriamente ruim, claro que não. Mas também não é fácil. Precisa de, como dizer, muita estrutura emocional e psicológica para lidar com essa situação, principalmente sabendo que ela não vai durar para sempre. E que tem uns campeões do tri que vivem na miséria. E o Garrincha, claro. Por isso eu não critico o Ronaldinho Gaúcho por fazer propaganda de qualquer merda, seja picolé, doritos, rexona ou santander. Tipo esta matéria. Tem que aproveitar o fato de estar na crista da onda. Porque sei lá, agora por exemplo os anunciantes devem estar putos da vida por ter o Gaúcho-fiasco como garoto-propaganda. Mas enfim. Então os nossos galáticos não estão nem aí. Porque eles são muito ricos, porque eles não se lembram de como é ser pobre de marré deci, e a sua única redenção ser a seleção e aí perder. E perder sem a devida tragédia. Perder merecido. Quer dizer, é óbvio que eles se lembram de como é ser pobre. Mas eles querem muito esquecer. A qualquer custo. Eles querem mesmo acreditar que falam de igual pra igual com a Paris Hilton.
Mas aí vejo os jogadores argentinos. Que perderam e depois do jogo choraram. Todos. E os que ainda encontraram forças caíram na porrada com uma meia-dúzia de alemães babacas que ficaram sacaneando. E depois o técnico argentino pede desculpas à nação pela substituição covarde do Riquelme e entrega o cargo. Pra completar, a seleção volta completa pra Buenos Aires, independente de onde cada jogador mora e joga...
Sei não. Acho que a gente precisa repensar a relação com a Seleção Brasileira.

4.7.06

Itália 2 x 0 Alemanha


Finalmente alguma coisa dá certo nessa Copa.
FORZA, AZZURRA!
(Hoje à noite vou comer macarrão, tomar vinho e ouvir Verdi. Oba!)

3.7.06

Schadenfreude


Adoro saber sobre origem de palavras, troncos comuns de idiomas, desenvolvimento de línguas etc. Tenho dicionários etimológicos, meu exemplar do Não Perca o Seu Latim do Paulo Rónai está sempre à mão, e vivo namorando no dicionário tupi-guarani-português do meu tio.
E aí todo mundo sabe que alemão é uma língua muito difícil, que o verbo vem sempre no final da frase (então você tem que esperar o sujeito terminar de falar para entender qual é a ação), e que as palavras vão ficando enormes conforme vão sendo pregadas umas nas outras, patati patatá. (Se você já estudou alemão alguma vez, vale a pena ler "The Awful German Language", do Mark Twain, que é muito divertido)
Tudo isso pra dizer que um exemplo clássico de como a língua alemã é mais específica do que as outras, e tem uma quantidade maior de palavras, é Schadenfreude, que expressa o sentimento de alegria pelo sofrimento ou infelicidade dos outros. Em outras palavras: os alemães têm um vocábulo para o ato de rir da degraça alheia. Pois eu queria ser uma criatura magnânima e evoluída, que não sentisse Schadenfreude, mas às vezes acontece, e é uma felicidade tão sincera... Aconteceu hoje. :-) Eu não queria. Mas eu também não queria ter que trabalhar com Alcéia e Meméia, e eu trabalho.

Almocei com T hoje, e ficamos, claro, falando de futebol e Copa. E ele dizendo que era bom porque os primos dele, que são uns marmanjos de quase 20 anos, tinham que aprender o que era ser eliminado antes de chegar à final de uma Copa, como nós vimos acontecer tantas vezes. Vê se isso também não é um tipo de Schadenfreude...

Expectativa

Hoje estava remexendo uns e-mails antigos e achei uma mensagem de C, a paulistana, de novembro do ano passado, perguntando se as coisas no meu trabalho tinham melhorado. Ou seja, antes de novembro já estavam ruins. E continuam péssimas até hoje, e eu continuo lá. São mais de oito meses de insatisfação profissional, movidas pela tentação do comodismo. Quando percebi, há algum tempo, que não se tratava de uma "fase" ruim, mas sim de uma situação sem perspectiva de melhora, comecei a correr atrás de outra coisa. E pintou uma coisa muito legal, mas estou naquela fase aguardando uma resposta. E o prazo pra essa resposta é esta semana (início de julho eu entendo como esta semana, né não?). Então desde hoje eu intensifico o meu exercício diário de controle da ansiedade. E sem drogas! Mas como é chato passar o dia "tocando pro lado" no trabalho. Porque hoje em dia tenho muito pouca coisa pra fazer. E os chefes, tão incompetentes, não percebem o quanto estou sub-aproveitada -- meu trabalho é pensar, e não executar tarefas bobas. De modo que fico boa parte do dia lendo blogues e livros. E ainda reclamo! A vida é injusta, você vai dizer.

2.7.06

Gosto amargo


Foto: Planet World Cup
Eu até entendo que a imprensa tenha forçado a barra com essa história de revanche da final de 98. Porque afinal é a mesma geração, muitos jogadores de agora estavam naquela final de 98. Mas aquele jogo foi todo tão estranho que nem foi um trauma muito grande. Acho que todo mundo meio que apagou aquela copa toda da memória. Obviamente alguma coisa estava fora da ordem. Convulsão, Nike, água envenenada, houve um toque de fantástico naquela final, como se não fosse real.Porque trauma mesmo de Brasil x França, ninguém duvida, foi aquela quarta-de-final de 86. Eu na casa da minha avó, sentada no chão picando jornal pra jogar pela janela na hora do gol. E no meio do jogo entra o Zico, meu ídolo maior de todos os tempos. Entrava o Zico, pra resolver todos os problemas daquele empate encruado. Zico, o messias. E no seu primeiro lance, o Zico deixa alguém na cara do gol. Pênalti. E ninguém se apresentou pra cobrar. Só o Zico, que tinha acabado de entrar. Eu já na janela, aquele sacão de papel picado pronto pra voar pelas ruas de Copacabana, vazias de gente, cheias de expectativa. E aí, nada, aquele silêncio, aquele "uh" engasgado, aquele olhar espantado na frente de televisão. E de repente todo mundo comentava baixinho, como se fosse um segredo, como se fosse de mau-tom falar alto: "O Zico perdeu o pênalti, o Zico perdeu o pênalti". Naquele jogo, a minha geração, que ainda era muito pequena em 82, conheceu o gosto amargo da derrota.
(Esse post é em homenagem ao J, que tem hoje a idade que eu tinha em 86, e que assistiu ao jogo comigo e ficou arrasado tentando entender o que tinha havido. Azar dos azares, ele estuda na Escola Francesa - mas pelo menos está de férias.)

França 1 x 0 Brasil


Foto: AFP
Por muito tempo o debate na mesa do bar vai se debruçar sobre:
- O que faltou ao Brasil nesse jogo? Raça? Futebol? Laterais?
Faltou um bad boy. Essa seleção de bons moços atletas de Cristo não soube lidar com um adversário de verdade, uma equipe que possui um (só um) craque, chamado Zidane. Ficou todo mundo com medo. Faltou um destemperado que tocasse o terror na concentração durante todo o campeonato, que fosse uma dor de cabeça para o Parreira, mas que na hora H falasse:
Toca pra mim que eu resolvo essa porra.
Assim, linda e loucamente. E nos salvasse desse bode nacional.